Ovale 13 March 2014
Por Silas Martí
SÃO PAULO, SP, 13 de março (Folhapress) - Herdeiros de uma família judaica da Alemanha vêm tentando há seis anos negociar com o Masp a devolução de uma tela que pertencia ao banqueiro Oscar Wassermann, morto em 1936. Mas o museu não se manifesta.
"O Casamento Desigual", tela atribuída a um discípulo do pintor flamengo Quentin Matsys, no século 15, está no acervo do museu desde 1965.
Netos de Wassermann alegam que a tela hoje avaliada em cerca de R$ 71 mil foi vendida entre outras obras da coleção nos anos 1930 para financiar a fuga da família da Alemanha e que por isso eles teriam direito a uma indenização ou à restituição da obra. O caso foi revelado hoje pelo jornal "O Globo".
Segundo Henning Kahmann, advogado da família em Berlim, os herdeiros ainda tentam reaver a coleção desmembrada na época do regime nazista e durante a tentativa de fuga dos Wassermann, mas não era uma coleção com grandes nomes da arte ocidental, apenas o que "famílias abastadas teriam como peças de decoração".
"Estamos à procura de muitas obras, mas essas peças são difíceis de identificar", diz Kahmann à reportagem.
"Ficaríamos felizes se o museu devolvesse a pintura, mas eles se recusam a negociar. O justo seria devolver a obra, já que não foram gastos recursos públicos em sua aquisição e ela nada tem a ver com a cultura brasileira."
De acordo com o Masp, que não quis se manifestar sobre o caso, a obra foi doada ao museu pelo barão Thyssen-Bornemisza, um dos maiores colecionadores do século 20.
Embora a firma de advocacia Trott Zu Solz Lammek, com sede na capital alemã, tenha entrado em contato com o Masp em 2008, o caso só teve repercussão agora, já que o Condephaat, órgão estadual de defesa do patrimônio histórico, foi acionado.
Ana Lanna, presidente do Condephaat, diz que o conselho do órgão analisou o caso no início da semana, mas que só pode dar algum parecer após decisão do Masp.
O acervo do museu é tombado na esfera estadual desde 1973, e qualquer movimentação das peças deve ser comunicada ao governo. "Não podemos fazer nenhuma manifestação agora", diz Lanna.
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